16 a 18 de Novembro - Sala Multiuso Sesc Palladium
2 a 4 de Novembro - Teatro Nossa Senhora das Dores
22 de Junho a 15 de Julho - Teatro Icbeu
2 a 4 de Novembro - Teatro Nossa Senhora das Dores
22 de Junho a 15 de Julho - Teatro Icbeu
Com o assumido desejo de refletir sobre as
diferenças a Cia. Verbo de Teatro traz ao palco uma adaptação do conto “A
história de dois irmãos siameses”, de Tristan Bernard, que chama a atenção pela
expressiva entrega dos atores. As figuras bufonescas e expressionistas criadas
por Amélia Corrêa, Anair Patrícia, Elisângela Souza, Janaina Starling, Jair
Gomes e Luciano Vivacqua valem o ingresso. Seus corpos estranhos inspiram a
curiosidade e têm a sutil inclinação de nos fazer gostar do que é estranho,
gostar do diferente.
A adaptação de Fernando Limoeiro para o
conto de Tristan Bernard presenteia o público com um pequeno prólogo onde o
dramaturgo dá vida à Família Zoffáni, uma trupe de teatro que irá representar o
conto sobre os irmãos siameses em uma peça.
Mas a culatra pela qual saiu o tiro é que seguramente esse pequeno
prólogo é o ponto alto da peça. As figuras que nos são apresentadas através de
uma direção de cena segura, figurinos e maquiagem belíssimos e texto “estrambótico”,
parafraseando o autor, nos impacta de forma tão arrebatadora que a sequência do
espetáculo não consegue manter a mesma vitalidade.
Os corpos bufonescos, a maquiagem e o
figurino nos remetem ao expressionismo e esta referência está também na
interpretação e maneira de lidar com o texto. O termo alemão “drama de grito”
(Schrei-Dramen) empregado para caracterizar algumas das peças nos primórdios do
expressionismo vale também para esta montagem. O texto é gritado e, se em um
primeiro momento traz uma boa impressão, ao longo das quase duas horas de peça
soa um pouco excessivo.
Curiosamente, diante de outras escolhas
estéticas acertadas, o cenário não acompanha. As cores vivas dos cubos
dianteiros parecem incoerentes aos tons predominantemente escuros dos
personagens. E há mesmo um problema nesse setor, a parede erigida no palco cria
o atrás da cena, mas não parece necessariamente funcional. A textura pela qual
é formada é tão curiosa que, pelo tamanho e engenhosidade, deixa a impressão de
uma clara escolha dos realizadores que não é clara para o público e, se tem
algum significado, dificilmente alcançará a plateia. A iluminação tem efeitos
ousados, mas em geral peca pelo excesso de luz e cores, enquanto a ação cênica
pede um ambiente mais sóbrio. Outro incômodo são os muitos blackouts que a direção recorre para solucionar trocas de cena e
personagens, aumentando a sensação de longa duração da peça.
O
destaque de um ou outro ator não tem grande relevância à medida que o
espetáculo consegue uma forte unidade de interpretação. Quando surgiu, o
expressionismo tinha o objetivo de fundar um teatro não convencional. É curioso
que cem anos depois, após diversas apropriações, sempre que identificamos
algumas de suas referências no palco, elas ainda levam consigo essa
“expressão”. Em “Os irmãos siameses ou eu e tu, tu e eu” gostamos do que não é
convencional, neste caso o texto que inventa palavras e a atuação carregada e
entregue dos atores.