11 de Janeiro a 03 de Fevereiro - Museu de Arte Moderna (Pampulha)
24 de Maio à 3 de Junho - Teatro Júlio Mackenzie
24 de Maio à 3 de Junho - Teatro Júlio Mackenzie
A primeira montagem mineira
para a peça “Do Claustro” vem à cena sem maiores ousadias do ponto de vista da
encenação, mas com simplicidade que alcança o público através da escolha e
cuidado com o texto - marca registrada do diretor Fernando Couto que dessa vez divide a direção
com Caio Cézar.
A história transcorre através
da intrincada relação de companheirismo e perversão, amor e ódio, entre duas
freiras na Salvador do Brasil colônia que, lá pelos idos do século XVII, sofria
com a censura política, capaz de deportar para a
África o homem pelo qual a jovem freira estaria apaixonada. O bom texto é do cartunista
paulista Ruy Jobim Neto que nos últimos anos realizou pesquisa sobre o período
próximo ao fim do ciclo da cana-de-açúcar e seus desdobramentos. O enredo de
Jobim Neto retoma com integridade o já desgastado tema de amor impossível de
uma freira por um homem da sociedade. As narrativas picantes da personagem mais
jovem que conta à antagonista suas relações sexuais anteriores ao claustro por
questões de saúde dão maior colorido à densidade do texto.
O cenário é uma cela
individual do Convento de Santa Clara do Desterro. Simples, cumpre o papel
quase realista entre móveis e objetos sacros. Algum simbolismo desponta em
cenas pontuais, como a imagem inicial poética e instigante composta pela jovem
atriz nua, somada ao ruído de vento e chuva, a pouca e azulada iluminação, e à forte
ação em que se relaciona sexualmente com um crucifixo. Essa escolha estética aponta
um caminho para o qual o diretor Fernando Couto, tendo em vista seus últimos
trabalhos, poderia se arriscar mais, utilizando-se daquele contrato que o
teatro permite com o público de acreditar não só naquilo que é real, mas também
na realidade do jogo cênico. Quem sabe se aventurar mais em linguagens e
metáforas, cuidar da encenação tanto quanto cuida do texto!