Lume
Teatro comemora 27 anos com a força de um grupo maduro ainda disposto ao risco
27
e 28 de Julho - União Fraterna Bailes – SP
01
de Agosto a 30 de Setembro – Sesc Pompéia
Depois
de anos desenvolvendo projetos menores, com no máximo quatro atores, é um
prazer rever o Lume reunindo todo o elenco em cena. Carlos Simioni, Jesser de
Souza, Ricardo Puccetti, Renato Ferracini, Ana Cristina Colla, Naomi Silman e
Raquel Scotti Hirson trazem para o palco de “Os Bem-intencionados” a
confluência de suas pesquisas de 12 anos sobre o bufão coerentemente organizadas por dramaturgia e
direção da mineira Grace Passô, do grupo “Espanca!”, de Belo Horizonte.
A
constatação é que, assim como as figuras desenhados no palco, o Lume é um grupo
bem intencionado, atores de meia-idade, mas com a disposição criativa de jovens
atores. Uma entrega pessoal incrível. Conscientes de que aquilo que estão
fazendo está próximo ao ridículo assumem o risco, e é essa escolha que torna o
espetáculo tão bom. De acordo com o programa da peça a construção dos
personagens teve início em 2002. Trata-se de artistas fracassados que sonham em
ser cantores, se encontram em um bar e acabam se tornando amigos,
compartilhando sonhos e a crueza do cotidiano. Ainda segundo o programa, a
pesquisa passou por várias etapas, foi deixada de lado e retomada várias vezes,
e só encontrou meios de se realizar agora, dez anos depois. Que bom!
A
trilha sonora ao vivo, a boa ambientação cenográfica, que utiliza do espaço da
União Fraterna Bailes (que em 2007 abrigou o filme “Chega de Saudade” de Laís
Bodansky) como espaço cênico, somada a
proposta de disposição da plateia como cliente do bar, trazem para o espectador
um senso de participação. Identificar esse senso de participação, olhando para
as outras pessoas da plateia completamente imersas no acontecimento vivo que
experimentam juntas na frente de todos, é um alento para quem acredita no
teatro.
Um
tom de autoajuda, mas de bom gosto, que acompanha a carreira da diretora e
dramaturga Grace Passô é materializado mais uma vez com frases de efeito
repetida diversas vezes: “Hei, Boy, você é o que você quer ser!”. O tema é
explorado até o limite e, em associação às cenas fortes e à música cantada ao
vivo pelos atores, é capaz de emocionar até mesmo o público mais frio.
Entre
os atores os destaques ficam para Jesser de Souza e Ricardo Puccetti que,
ajudados pela dramaturgia, apresentam as figuras exóticas com dramas mais
coerentes e bem amarrados. Carlos Simeone é uma espécie de coadjuvante de luxo;
como um mestre de cerimônias, dono do bar, assiste à boa parte das cenas com
interferências pontuais, mas incisivas. A protagonista das melhores cenas é Ana
Cristina Colla; fica para ela os momentos de maior risco, manipulando rosas e
facas em cenas fortes que mobilizam o público. Em outro bom momento, que talvez
seja o ápice da peça, Ana Cristina entra em um transe consciente e contagiante
que aos poucos vai envolvendo os outros atores e a plateia em um desnudamento
sincero e impactante.
A intensidade da cena
retrata bem a entrega desse grupo maduro e contundente. O Lume Teatro mostra em
“Os Bem-intencionados“ que é ainda propenso ao risco, capaz de aplicar a
bagagem técnica de anos de pesquisa a um despojamento jovem e bem-intencionado.
Olá, Bento Coimbra. Obrigado por suas palavras encorajadoras e seu olhar sensível ao nosso trabalho. Um abraço. Jesser
ResponderExcluirolá Jesser,
ResponderExcluirquanta honra receber seu comentário. o espetáculo de vocês me tocou muito, principalmente no que tange uma relação vertical com a arte. técnica e emoção juntos em despojamento.
abraço!
bento