05 a 27 de Fevereiro - Teatro Júlio Mackenzie SESC Palladium
26 a 28 de Outubro - Teatro Sesi Holcim
26 a 28 de Outubro - Teatro Sesi Holcim
03 e 04 de Novembro - Teatro João Ceschiatti
Com
o mérito de buscar adaptar parte da obra de Machado de Assis para o teatro,
“Vulgaridades Sublimes” da Insensata Cia de Teatro, se relaciona com os contos
“Pai Contra Mãe” e “A Cartomante” para criar imagens através de um bom desenho
de cena. Combinando a fisicalidade
dos atores, a transparência do tecido que compõe o cenário, as cores do belo
figurino e a coerente iluminação, a direção de Marcelo do Valle faz suaves composições
imagéticas, “pintando” as cenas como quadros cênicos.
Os
contos escolhidos parecem ter a força necessária para uma encenação, mas para
tanto precisam ser realmente adaptados. É uma característica de grande parte dos
contos de Machado de Assis acabar em suspensão. São muito bem preparados em sua
apresentação, situando personagens e atmosfera, mas quando o problema é
colocado não existe grande desenvolvimento, a estória se resolve e o conto
acaba ali. Essa é uma característica difícil de realizar no teatro. Em
“Vulgaridades Sublimes” sentimos falta de desenvolvimento. Quando o problema se
instaura, enquanto público, não temos tempo de compartilha-lo antes de vê-lo
solucionado. A sensação é que um único conto daria uma peça inteira e que da
maneira com que são mostrados ficam superficiais.
Dentro
dessa perspectiva, a construção dos personagens, que no geral é bem feita, peca
a medida que carrega muito nas emoções. Uma tentativa de acompanhar os
acontecimentos fortes e próximos uns dos outros. A direção permite que os
jovens atores se percam em felicidade e tristeza demais. Muito grito, muito
choro, que ficam ainda maiores de acordo com a característica intimista e
pequeno tamanho do teatro escolhido para a apresentação. Assim o destaque entre
os atores fica para as coadjuvantes Jú Abreu e Dani Guimarães que conseguem ser
entendidas sem lançar mão de grandes exageros, tornando a cena mais crível.
Dentre
os elementos de encenação chama a atenção o cenário, composto por tecidos
translúcidos esticados verticalmente. Simples, bem utilizado e bastante
funcional é capaz de esconder e revelar utilizando apenas um refletor. Colabora
para a atmosfera de traição que dissemina intenções veladas, além de criar
planos físicos utilizados, por exemplo, para a caçada da escrava fujona.
Por
fim, a peça é uma boa estreia da Insensata Cia de Teatro que acerta na escolha
do autor e na composição cênica, se perde em adaptação e exageros de
interpretação, mas traz a cena uma produção honesta que associa trabalho e entrega
pessoal, indispensáveis ao fazer teatral.
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