26 de Janeiro - Praça José Verano (Barreiro)
23 de Fevereiro - Praça da Economiza (Santa Mônica)
24 de Fevereiro - Parque Municipal (Centro)
15 de Setembro a 7 de Outubro - Praças de BH
23 de Fevereiro - Praça da Economiza (Santa Mônica)
24 de Fevereiro - Parque Municipal (Centro)
15 de Setembro a 7 de Outubro - Praças de BH
Essa transposição da grande tragédia shakespeariana
para a rua alcança o público pelo tom cômico que seus personagens desenham.
Alinhado a uma herança mineira que vem desde a adaptação histórica de Romeu e
Julieta do Grupo Galpão que, no maior êxito de sua carreira, transformou a
tragédia do bardo inglês em um espetáculo leve e colorido, essa montagem da Cia.
Lúdica dos Atores se propõe suavizar o peso da história de Lear, que incapaz de
distinguir os amigos dos inimigos acaba cometendo erros fatais que levam seu
reino à desgraça.
Levando-se em conta uma adaptação para a rua,
a composição dos personagens dirigidos para uma escolha estética farsesca é de
bom tom. Assim, o Lear de Leonardo Horta é simpático e convincente, a Cordélia
de Julia Marques encontra a pureza e delicadeza necessárias à personagem, as irmãs
Goneril e Regana de Milena Santana e Gabriela Dominguez disseminam bem o seu
cinismo. Boas ainda as aparições do conde de Gloucester e dos bobos que abusam
dos recursos da farsa em suas construções.
Do ponto de vista da encenação a direção se
mostra confusa. A trilha sonora não consegue unidade, considerando que vai da
música clássica a temas de filmes hollywoodianos, passando por sons de
helicóptero e uma estranha sirene, utilizada para a troca de cenas, que deixa
rastros de certo mau gosto. O cenário simples fica pequeno para dar conta de
centralizar a atenção do espectador à ação da peça, deixando os atores
desprotegidos em relação aos demais atrativos visuais que podem capturar o
olhar da plateia, se tratando de uma peça na rua.
No sentido oposto o figurino se perde em uma
profusão de cores, materiais e texturas mais uma vez confusas e incoerentes.
Mesmo a roupa base, comum a todos os atores, está alinhada à escolha de excesso
de informação e foge do básico à medida que compõe uma camisa em retalhos de
quatro cores diferentes. Intrigante também é a sua subutilização, servindo
apenas à troca dos demais figurinos e não sendo utilizado em ocasiões neutras,
por exemplo, para diferenciar o momento em que um dos atores é narrador e não
representa nenhum personagem.
Algumas adaptações textuais, como o disfarce
de louco de Edgar convertido em Zé Goiaba, e a aproximação do reino da Bretanha
à cidade de Belo Horizonte, dividindo seus limites do Barreiro de Baixo à Venda
Nova, têm a virtude de aproximar o público, tendo-se em conta a dificuldade que
boa parte da plateia terá de acompanhar os acontecimentos e as incursões dos
atores que se revezam em vários personagens. Amenizar a culpa, a loucura, a
fúria e a dor da tragédia shakespeariana através da farsa, alçando bons
momentos de graça e jogo cênico, é o recurso que essa montagem utiliza para nos
convidar a revisitar O Rei Lear, de
Shakespeare.
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