Remanescente
do Grupo Intervalo (do falecido Ítalo Mudado) a Cia do Silêncio já nasce madura
14 de Fevereiro a 01 de Março - Teatro Júlio Mackenzie SESC Palladium
28 de Setembro a 07 de Outubro - Teatro Sesi-Holcim
28 de Setembro a 07 de Outubro - Teatro Sesi-Holcim
12 a 21 de Outubro - Teatro Júlio Makenzie
Ao
longo de mais de 25 anos o Grupo Intervalo, comandado por Ítalo Mudado,
realizou cerca de 40 peças das quais, boa parte delas, com a participação,
entre muitos outros atores, de Marcel Luiz, Marco Túlio Zerlotini e Pauline
Braga. Com a morte do mestre os atores se dispuseram a dar continuidade ao
trabalho, mas criando um novo grupo, a Cia do Silêncio.
A
primeira incursão da nova trupe sem Ítalo é “Dois Sóis: Lugar Algum”, onde os
atores, além de atuar, desenvolvem quase todas as outras funções necessárias
para se realizar uma peça: texto, direção, iluminação, cenário e figurino. O
destaque é o bom texto escrito por Marco Túlio Zerlotini, cuja temática,
enraizada no choque de valores com final surpreendente, parece corresponder com
o já clássico Agreste, do badalado Newton Moreno. O triângulo amoroso vivido entre dois irmãos e
uma mulher madura tem força dramática para capturar a atenção do público. Um
dos recursos bem empregado são as elipses temporais que a estrutura textual
sugere como na edição de um filme, localizando a passagem do tempo através do
cabeçalho de uma claquete cinematográfica dita pelos atores: “cena 4, tomada
1”, por exemplo.
A
integração do grupo é perceptível de tal forma que o cenário de bambu
recortado, realizado por Luiz, abriga parte da iluminação, feita por Zerlotini.
Juntos, cenário e iluminação, compõem uma encenação coerente com o texto
ambientado na zona rural. As garrafas de cachaça, que poderiam ser de leite,
são ainda mais funcionais à medida que assumem novos significados durante a
apresentação. De acordo com sua utilização sugerem ação física aos atores,
deixando a impressão de que poderiam ser até mais exploradas.
A
direção de Marcel Luiz, que também divide a cena com Marco Túlio e Pauline,
peca no ritmo e manipulação da energia. Permitindo que os atores circunscrevam
um registro vocal muito próximo, situando pausas e respiração com a mesma
pulsação, acaba por “chapar” as interpretações. A energia física individual de
cada ator, que busca apoio no imaginário de figuras interioranas, alcança
também quase o mesmo peso, onde poderiam variar entre força e suavidade; acaba
por igualar-se em uma tensão contida prestes a explodir e, quando explode,
também parece não atingir o clímax surpreendente que o texto sugere tão bem.
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