sábado, 13 de outubro de 2012

holoclownsto

Peça carioca encanta a plateia na abertura do FETO - BH

11 de Outubro - Tearo Oi Futuro

Como o próprio nome sugere a peça traz a cena seis clowns que são vitimas do holocausto – ação nazista que matou cerca de seis milhões de judeus durante a segunda guerra mundial. Um acontecimento que podemos denominar como uma das maiores tragédias e um dos maiores fracassos da humanidade. É por essa razão que a escolha de situar a poesia do clown em tais circunstâncias é conceitual.  O Clown não é profundo quando é poético, mas quando faz o público rir de seus fracassos e por tanto de si mesmo, já que não há nada mais humano do que fracassar. Apesar de todos os erros, o clown sempre mantém a esperança e sua força reside precisamente nesse espírito positivo que faz converter os fracassos em triunfos. Assim o espetáculo "Holoclownsto" nos lança em uma viagem do riso e do tempo para rir e transformar esse grande fracasso em um triunfo cênico.

Boa parte da peça se ambienta em um vagão de trem que, imaginamos, deve estar a caminho de um campo de concentração. O recurso para a movimentação do trem, fazendo com que as três paredes articuladas que compõe o cenário girem com o impulso dos atores é escolha acertada da encenação, pontuando também para a passagem do tempo. Vez por outra a fumaça do carvão e atrito da roda da locomotiva penetra por uma minúscula janela da parede central e, sempre que isso acontece, coloca o público em alerta, já que a cena se transforma em clara referencia às câmaras de gás que mataram várias pessoas na segunda guerra.

Cada um dos seis palhaços tem uma mala e dentro um pequeno instrumento com os quais dublam a divertida trilha sonora. Como todo espetáculo de Clown que se preze, "Holoclownsto" faz caber em sua dramaturgia os números e gags mais usuais dos palhaços. Faz isso com bastante naturalidade, já que fazer uma portagem ou mágica que dá errado, por exemplo, é algo plausível para um homem comum tentando amenizar a sua desgraça, um judeu prisioneiro de guerra.

Focando bem a individualidade de cada clown a construção dramatúrgica parece privilegiar aqueles que estão mais a vontade em cena. O menor deles, personagem de homem que sofre as maiores peripécias, representado pela atriz Marcela Rodrigues, é sem dúvida um destaque, seguida de perto por Orlando Caldeira, negro alto de olhos grandes já estranho por natureza. No geral o nível das composições dos atores é muito bom e a falta de presença de alguns não chega a incomodar já que compõem um todo coeso capaz criar imagens juntos.

A iluminação é simples e pontual, aproveita da fumaça, inúmeras vezes utilizada, para trazer a cena de volta à uma prisão de guerra já que o jogo cênico – engraçadíssimo, por vezes tende a nos fazer esquecer. A caracterização se destaca pela maquiagem, perucas e bigodes que transformam quatro atrizes em homens de meia idade. Todos têm figurinos sujos e sem cor que, de certa forma, conseguem nos dizer que palhaço para ser engraçado não precisa ser colorido.

2 comentários:

  1. acho ótimo q canais de expressão como o seu blog existam, qto mais pessoas apaixonadas, inteligentes, empreendedoras em torno das artes ou de qq outro ambiente, bem melhor
    por isso, fico à vontade para te dizer q faço muitos reparos ao 'holoclwnsto', da posição daqueles personagens frente ao autoritarismo e à violência q os conduzem até ali. muito complacentes, alienados da sua condição, já q se bastam muito na sua graça, em fazer o público rir. qdo não praticam outros autoritarismos e violências entre si, o q é pior. diante do recorte histórico q eles escolhem, a deportação e morte de milhões de judeus, eles devem uma posição de mais estatura. no mínimo, mais humanista. pelo visto, achei decepcionante. compreensível, já q são todos jovens, e jovens tendem a se aprofundar menos no q praticam. mas terão tempo para ser mais consequentes
    espero q possamos dialogar mais vezes, fazer mais contatos.
    abraço e obrigado pela gentileza

    Atenciosamente,

    Miguel Anunciação

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  2. oi Miguel,

    compartilho da sua opinião sobre o espetáculo quando diz que ele se basta muito em fazer o público rir se isentando um pouco da temática tão pesada historicamente, mas sei também que apesar de tudo essa é sempre a função do palhaço. Mas quanto ao autoritarismo e violência que exercem entre si, acho interessante e até uma forma de reflexão, já que no fundo todo ser humano guarda dentro de si um lado escuro e quando colocado em situações extremas esse lado vem atona. Acho que isso de certa forma humaniza a peça.

    obrigado eu, abraço!

    bento

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